Os empregos formais, com estabilidade profissional e plano de carreira, não são mais sonho de consumo de todos os profissionais nos dias de hoje.

O trabalho como freelancer, além de ser resultado de uma nova economia, com a terceirização dos serviços, a especialização em determinados segmentos e a sobrevivência em momentos de crise, é uma tendência mundial entre os que desejam mais qualidade de vida e flexibilidade.

As mais variadas áreas do conhecimento estão se adaptando a essa realidade e os trabalhos realizados por meio de projetos com começo, meio e fim, em vez do tradicional emprego fixo, ganham mais espaço. O mercado da comunicação e do marketing, por exemplo, é um case interessante a respeito desse assunto. Entretanto, apesar de serem áreas que costumam desenvolver jobs pontuais e que podem se beneficiar da contratação de profissionais para esses trabalhos de acordo com experiência, disponibilidade e valores, nem todos enxergam assim.

Essas indústrias precisam se reinventar, pois, se por um lado as agências e os veículos vivem uma crise de identidade, por outro os clientes não se sentem plenamente atendidos em suas necessidades. Mas o que se vê é a velocidade das mudanças cada vez mais acelerada e as empresas ainda contratando, prestando serviços e gerindo mão de obra como se fazia em 1950.

É fato que as corporações do setor têm passado por um momento difícil. Além de sofrerem pressão extrema por parte dos clientes para reduzirem seus custos e aumentarem a agilidade e qualidade na entrega dos seus trabalhos, há duas grandes dificuldades: manter uma equipe fixa com altos custos para atender a demandas variáveis em um cenário com cada vez mais especializações e motivar os profissionais internos da geração Y, diminuindo o turnover.

Em um mercado que cada vez mais atua por projetos, há grande perda de oportunidades nos picos de trabalho, por falta de uma equipe grande e multidisciplinar, ou ociosidade nos períodos de menor demanda e times inchados, o que gera um custo fixo alto.

Ao mesmo tempo em que os empresários estão insatisfeitos com esse modelo tradicional engessado, muitos profissionais também não estão felizes e motivados. Não veem sentido em se deslocar todos os dias para realizar algo que poderia ser feito remotamente ou trabalhar em demandas que não gostam ou não dominam por estarem alocados em uma única empresa e precisarem atender ao que lhes for solicitado. Isso sem falar na limitação do seu potencial criativo ao horário comercial, quando nem sempre é o período mais produtivo do funcionário.

E foi justamente pensando em desenvolver uma alternativa ao modelo tradicional de trabalho que foi criada a Agência Crowd, em 2013. Acreditando em um formato que expande os limites profissionais para muito além de restrições trabalhistas, geográficas ou temáticas, ela realiza 100% dos projetos para os quais é contratada por meio do CROWDSOURCING. Para isso, foi montada uma rede própria de colaboradores que trabalham sob a coordenação dos Líderes de Projeto / Atendimentos que ficam na sede da agência, em São Paulo, e fazem parte do seu enxuto time.

A maioria das plataformas de freelancers disponíveis no mercado não é realmente focada nas necessidades das empresas contratantes nem prima pelo trabalho com profissionalismo e formalidade. Então, depois de três anos com um sistema até então exclusivo e que trouxe excelentes resultados para a Agência, no final de 2016 a Crowd passou a disponibilizar sua plataforma para outras empresas de comunicação e marketing. Além de conectar contratantes a prestadores de serviço, o sistema intermedeia as contratações, cuida das questões burocrática, jurídica e financeira e fornece uma ferramenta de gestão de mão de obra terceirizada.

Em três meses no ar, mais de 150 empresas e 5 mil profissionais, como designers, programadores, redatores, fotógrafos, jornalistas, tradutores, produtores de vídeo e social media, já trabalham pela Crowd. As metas são chegar ao final do ano com 1.200 empresas assinantes e 20 mil freelancers; a 2018 com 3 mil clientes e 80 mil profissionais, iniciando sua expansão internacional.

Uma das medidas tomadas para evitar que haja um leilão entre os prestadores de serviço a fim de conquistar o cliente apenas pelo preço, as empresas que contratam por meio da plataforma só podem selecionar até dez profissionais para solicitar orçamentos privados. Afinal, uma das batalhas da Crowd é para que o trabalho seja sério e bem-feito e, em contrapartida, bem pago.

O maior objetivo da plataforma Crowd é libertar o trabalho das amarras do emprego fixo, potencializando a exteligência (conhecimento que está fora, disponível no mundo) das agências e prestadores de serviços de marketing/comunicação por meio de uma rede de milhares de profissionais qualificados. Dessa forma é possível trabalhar como uma grande comunidade, mantendo internos na empresa apenas a inteligência e times permanentes reduzidos, transformando o custo fixo em variável com mais agilidade, especialização e motivação.


(*) Gabriel Matias, 28 anos, começou a empreender aos 18 anos com uma agência e produtora digital. Trabalhou como Head de Marketing Digital da Amil e fundou a Crowd em 2013. Com MBA de Gestão e Marketing Digital na ESPM e curso de Inovação e Empreendedorismo na Duke University, participou dos livros “O Vendedor do Futuro” e “101 empreendedores relevantes de Alphaville e região”.